Durante a abertura da XXVI Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios, realizada esta terça-feira (20), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi recebido com vaias por parte do público. Apesar da recepção hostil, Lula reiterou o apoio federal aos municípios, anunciou novos programas habitacionais e defendeu políticas públicas inclusivas, independentemente de filiações partidárias.
O evento, conhecido como Marcha dos Prefeitos, reúne anualmente milhares de líderes municipais de todo o país em Brasília para discutir as principais pautas do municipalismo. Este ano, cerca de 12 mil participantes acompanharam a cerimónia de abertura no Centro Internacional de Convenções do Brasil (CICB), num encontro que simbolizou as tensões persistentes entre o governo federal e os municípios.
As manifestações contrárias ao presidente ocorreram em três momentos: quando seu nome foi anunciado, ao subir ao palco e após encerrar o discurso. Ainda que também tenha sido aplaudido, os protestos foram predominantes.
No seu discurso, Lula enfatizou o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), com destaque para a construção de habitações populares. Anunciou que o programa “PAC Seleções” disponibilizará 130 mil novas unidades habitacionais da Faixa 1 do Minha Casa, Minha Vida, destinadas a famílias com rendimentos até R$ 2.850. Além disso, revelou a criação de um novo programa para reforma de moradias existentes, permitindo melhorias como a construção de casas de banho, garagens e quartos adicionais.
Ao lado de Lula, estiveram presentes o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), além de 25 ministros de Estado.
Antes do discurso presidencial, o presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski, criticou o aumento das responsabilidades financeiras das prefeituras e alertou para os impactos da suspensão de emendas parlamentares. Em resposta, Lula ironizou a mudança de postura da entidade em relação ao governo anterior.
A abertura da Marcha revelou mais do que divergências políticas: evidenciou o desgaste na relação entre o Executivo federal e o municipalismo nacional. A tensão com os prefeitos soma-se ao distanciamento de setores como o agronegócio, refletindo a polarização que se mantém desde as eleições de 2022.
Apesar do ambiente tenso, o governo tenta abrir espaço ao diálogo. O ministro das Cidades, Jader Barbalho Filho, destacou que as novas ações habitacionais são uma resposta às necessidades dos municípios e um esforço de inclusão social.
A Marcha dos Prefeitos continua ao longo da semana, com painéis e reuniões que visam construir pontes entre os diferentes níveis de governo. No entanto, a resseção a Lula deixa claro que os desafios para uma cooperação efetiva ainda persistem.