Desde o último domingo (16), as ruas de Salvaterra, no arquipélago do Marajó, tornaram-se palco de intensos protestos contra os preços abusivos das balsas e lanchas que ligam a região a Belém. O que começou como uma manifestação pacífica escalou para confrontos violentos entre manifestantes e a Polícia Militar, gerando preocupação e revolta entre a população local.
Tensão e repressão marcam manifestação
Imagens amplamente compartilhadas nas redes sociais mostram cenas de forte repressão policial, com feridos e o uso de bombas de efeito moral para dispersar a multidão. A violência da ação policial gerou revolta, principalmente por afetar áreas próximas a escolas e locais de grande circulação de pessoas. Um dos momentos mais impactantes foi registrado em vídeo, onde um homem com necessidades especiais sofreu uma convulsão após ser atingido pelos efeitos da repressão.
Impacto econômico e social
Os protestos ganharam adesão de caminhoneiros da Associação de Transportadores de Carga e Logística do Marajó – Polo Arari, que bloquearam a Rodovia do Camará, principal acesso à cidade. A paralisação no Porto do Camará tem prejudicado o transporte de mercadorias e a mobilidade de cidades como Santa Cruz do Arari, Cachoeira do Arari, Salvaterra e Soure, agravando ainda mais a situação da população local.
Reação do poder público
O prefeito de Salvaterra, Valentim Lucas (MDB), tem sido alvo de críticas devido ao seu silêncio sobre o tema, enquanto a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Segup) justificou o envio do Batalhão de Choque para conter os protestos e liberar a rodovia. Segundo a Segup, a ação seguiu protocolos de segurança e resultou na detenção de três manifestantes, sendo um preso por desacato e incitação ao crime, outro liberado após assinatura de termo de ocorrência e um terceiro sem indícios de crime.
Por sua vez, a Agência de Regulação e Controle dos Serviços Públicos de Transporte (Artran) justificou os reajustes nas tarifas, afirmando que o aumento no transporte de veículos foi baseado em estudos sobre os custos operacionais, enquanto o valor para passageiros da classe econômica permanece inalterado.
Mobilização popular continua
A indignação da população marajoara cresce diante do impacto das tarifas elevadas no cotidiano, unindo caminhoneiros, comunidades quilombolas, ribeirinhos e demais moradores na luta por um transporte acessível. Enquanto o governo tenta conter os protestos com força policial, os manifestantes seguem pressionando por soluções que garantam condições justas para quem depende do transporte hidroviário no Marajó.
Texto: Reinaldo Barros e informações do Ver-O-Fato