Na tarde desta quinta-feira (27), os vereadores da Câmara Municipal de Belém aprovaram, por maioria de votos, o fim do programa de transferência de renda “Bora Belém”. A medida teve o apoio da base aliada do prefeito Igor Normando (MDB) e foi proposta pelo vereador Zezinho Lima (PL), mesmo diante de um parecer contrário da Comissão de Justiça da Câmara.
O encerramento do programa foi duramente criticado por parlamentares da oposição. Apenas seis vereadores se manifestaram contra a decisão: Marinor Brito e Vivi Reis (Psol), Alfredo Costa e Neia Marques (PT), Agatha Barra e Mayky Vilaça (PL) e Rildo Pessoa (MDB). Os demais votaram a favor do projeto. Os vereadores Rodrigo Moraes (PC do B) e Igor Andrade (Rede) não compareceram à sessão.
A vereadora Marinor Brito (Psol) classificou a aprovação do projeto como um “acordão” entre os vereadores da base de apoio do prefeito e a extrema-direita. “Uma coisa é certa, quem votou no Igor não sabia que ele ia acabar com o Bora Belém. Ele está acabando com o Bora Belém. Ele está orientando a mesa diretora, os vereadores da sua base, que fizeram um parecer espetacular, completo do ponto de vista técnico, contrário ao projeto, a votarem contra o seu próprio parecer”, afirmou.

Vereadora Marinor Brito – PSOL
Vivi Reis (Psol) também criticou a postura do governo municipal e apontou que o fim do programa atinge diretamente a população mais vulnerável da cidade. “Igor e sua base não gostam de pobre. Porque acabar com o programa de renda mínima, Bora Belém, é tirar a comida da mesa do povo pobre”, declarou.

Vivi Reis na tribuna da sessão de hoje, 27 de março
Impacto para as famílias carentes
Criado em 2021 pelo então prefeito Edmilson Rodrigues, o programa Bora Belém oferecia um auxílio financeiro entre R$ 200 e R$ 500 a famílias em situação de extrema vulnerabilidade. A iniciativa representava um investimento mensal de R$ 5 milhões da Prefeitura e beneficiava mais de 18 mil famílias, alcançando cerca de 80 mil pessoas na capital paraense.
Estudos do IBGE divulgados em dezembro de 2024 apontam que a pobreza em Belém foi reduzida em 47% entre 2021 e 2023, passando de 608 mil para 322 mil pessoas. O relatório destaca que os programas de transferência de renda tiveram um papel fundamental nessa redução. Com o fim do Bora Belém, especialistas alertam que milhares de famílias podem enfrentar novamente dificuldades extremas, comprometendo o avanço social alcançado nos últimos anos.
Além do fim do Bora Belém, a atual gestão também encerrou as atividades do Restaurante Popular de Belém, uma medida que afetou milhares de trabalhadores que dependiam do serviço para garantir uma refeição acessível. A decisão preocupa entidades de assistência social e defensores dos direitos humanos, que apontam um possível aumento na insegurança alimentar e no número de pessoas em situação de rua.
O desfecho da votação na Câmara Municipal reforça o embate entre governo e oposição sobre políticas de assistência social na cidade. O impacto da extinção do Bora Belém e do fechamento do Restaurante Popular será sentido diretamente pela população mais vulnerável, que agora pode enfrentar um cenário de maior insegurança alimentar e econômica.
O espaço segue aberto para esclarecimentos!