A Procuradoria-Geral da República (PGR) abriu uma investigação contra o deputado federal Antônio Doido (MDB), suspeito de chefiar um esquema milionário de desvio de verbas públicas, lavagem de dinheiro e compra de votos no estado do Pará. O caso envolve movimentações financeiras que somam cerca de R$ 48,8 milhões e foram realizadas entre 2023 e 2024 por pessoas ligadas ao parlamentar.
Segundo a PGR, duas apurações foram unificadas no Supremo Tribunal Federal (STF) devido ao foro privilegiado do deputado. A investigação ganhou força após a prisão do policial militar Francisco Galhardo, em Castanhal, ao tentar sacar R$ 5 milhões em espécie, na véspera do primeiro turno das eleições municipais de 2024.
Durante o flagrante, a Polícia Federal teve acesso a mensagens e áudios encontrados no celular de Galhardo. O conteúdo revelou um complexo esquema de saques e distribuição de dinheiro que, de acordo com os investigadores, seria operado sob ordens diretas de Antônio Doido. Os valores teriam sido utilizados para pagamento de propina e compra de votos em municípios estratégicos, como Ourém.
As movimentações financeiras, concentradas nas agências do Banco do Brasil em São Miguel do Guamá e Castanhal, ocorreram com frequência suspeita durante o período eleitoral. Parte dos saques foi feita em nome de uma empresa registrada em nome de Andréia Dantas, esposa do deputado. Em uma das operações, Galhardo mobilizou quatro policiais para retirar R$ 6 milhões, com registros de comunicações sobre a logística da ação.
Mensagens obtidas pela PF mostram que o deputado autorizava diretamente pagamentos. Em uma delas, determinou a entrega de R$ 380 mil a um homem chamado Geremias. A quantia foi localizada num carro, junto ao PM e ao destinatário, na porta da agência onde os R$ 5 milhões estavam sendo sacados.
A atuação do grupo também se estendeu a ações em Ourém. Áudios indicam que Antônio Doido solicitou a presença de pelo menos 20 policiais na cidade durante a semana das eleições. Os PMs teriam sido mobilizados para garantir a execução do plano político-eleitoral.
A Justiça Eleitoral já condenou quatro pessoas por compra de votos na 41ª Zona Eleitoral de Ourém, entre elas o irmão do deputado, Neto Leocádio (MDB), e sua esposa, Andréia Dantas. Todos estão inelegíveis por oito anos. Andréia, no entanto, já se movimenta politicamente como pré-candidata à Assembleia Legislativa do Pará em 2026.
A Polícia Militar do Pará informou que instaurou processo administrativo para apurar a conduta dos agentes envolvidos. Já a defesa de Antônio Doido repudiou o vazamento das informações da investigação e afirmou que o deputado está à disposição da Justiça, negando qualquer irregularidade.
As investigações continuam e podem impactar fortemente o cenário político paraense, com novas eleições à vista e maior pressão por transparência na vida pública.
(Do Pará Cidades, com informações do portal Metrópoles)