Num momento de crescente tensão na administração de Belém, a crise relacionada à gestão de resíduos sólidos resultou na exoneração da secretária municipal de Zeladoria, Thayta Martins. A decisão, oficializada a 5 de junho no Diário Oficial do Município, marca mais um capítulo de instabilidade no governo de Igor Normando (MDB).
Thayta Martins, ex-titular da pasta anteriormente denominada Secretaria de Saneamento, não conseguiu contornar os desafios operacionais do setor, agravados por um contrato de R$ 1 mil milhão (cerca de 180 milhões de euros) assinado ainda na gestão de Edmilson Rodrigues. O acordo com as empresas Ciclus e Terraplena, com validade de 30 anos, está agora sob forte escrutínio público.
Embora a exoneração tenha sido oficialmente justificada como feita “a pedido”, bastidores indicam que a saída integra um movimento mais amplo de reorganização forçada por pressões políticas. Thayta, considerada próxima do prefeito — sendo sua comadre e esposa de Álvaro Rodrigues, figura influente no grupo “IgorBoys” —, acabou por ser apanhada no centro da tempestade.
Para o seu lugar foi nomeado Cleidson Chaves, que deixa a chefia de gabinete de Normando para assumir o comando de uma pasta hoje sob forte vigilância pública. Na sequência da movimentação, Pamela Massoud foi transferida da Secretaria Executiva de Relações com as Comunidades para a recém-criada Secretaria Executiva de Gestão de Resíduos Sólidos da Sezel.
A chamada “dança das cadeiras” estendeu-se também à chefia de gabinete: Leonardo Quirino, ex-adjunto da Casa Civil do governo estadual, assume agora o posto, num movimento que, segundo fontes, teve influência direta do governador Helder Barbalho (MDB). A alteração é vista como tentativa de alinhar os interesses municipais e estaduais, numa altura em que a popularidade da administração de Normando enfrenta desgaste.
A crise política ganhou novos contornos com a saída da vereadora Nay Barbalho (PP) da Secretaria Municipal de Inclusão e Acessibilidade. Ao regressar à Câmara Municipal, Nay deixou no ar a sua insatisfação com a gestão ao afirmar: “não tenho dono”, alimentando especulações sobre divergências internas.
A instabilidade não parece terminar por aqui. Circulam rumores de que outras figuras femininas da administração poderão seguir o mesmo caminho, alegadamente por perda de influência política. O próprio MDB mobiliza-se para conter os danos e evitar que a crise evolua para uma fragmentação ainda maior na base de apoio do prefeito.
A exoneração de Thayta Martins representa, para muitos analistas locais, um “corte na própria carne” de Igor Normando, na tentativa de manter o controlo da situação. Enquanto isso, o contrato de gestão do lixo, epicentro da polémica, continua a ser alvo de críticas e poderá comprometer o futuro da atual administração.

Com informações Ver o Fato