Príncipe William destaca urgência climática em discurso histórico na Cúpula de Líderes da COP30, em Belém

Por Reinaldo Barros
Belém (PA) — Sob o olhar atento de líderes mundiais e com o Rio Guamá como pano de fundo, o Príncipe William fez nesta quinta-feira (6) um dos discursos mais simbólicos de sua trajetória pública, durante a Cúpula de Líderes da COP30, em Belém do Pará. Representando o pai, Rei Charles III, o herdeiro do trono britânico reforçou a importância da Amazônia na luta contra a crise climática e pediu “coragem política e união global” para conter o avanço do aquecimento do planeta.

“Todos nós aqui hoje entendemos que estamos perigosamente próximos dos pontos de inflexão do nosso planeta”, disse William, em um trecho de seu discurso que mesclou inglês e português. “Bom dia! Muito obrigado, Presidente Lula e Governador Helder Barbalho, pelas calorosas boas-vindas a Belém do Pará”, iniciou o príncipe, arrancando aplausos da plateia.

Representante da monarquia e da causa ambiental

A presença do príncipe marca um dos momentos mais aguardados da Cúpula, que reúne chefes de Estado, ativistas e representantes da sociedade civil de mais de 190 países. Em nome do monarca britânico — um ambientalista histórico e defensor das políticas de sustentabilidade —, William assumiu papel diplomático e simbólico na abertura da conferência, reforçando o compromisso do Reino Unido com a ação climática global.

Em reuniões paralelas à cúpula, o príncipe se encontrou com Marina Silva, ministra do Meio Ambiente, e com líderes de comunidades indígenas da Amazônia, destacando a importância do conhecimento tradicional na preservação da floresta. “Proteger a natureza é um dever das gerações presentes para com as futuras. Esse futuro não nos pertence, mas às nossas crianças e aos nossos netos”, afirmou.

Amazônia no centro do debate global

A escolha de Belém como sede da COP30 transformou a capital paraense no epicentro das discussões climáticas. Localizada no coração da Amazônia, a cidade simboliza tanto a beleza quanto os desafios ambientais que o planeta enfrenta. Com a realização do evento, o Brasil buscou reafirmar seu protagonismo como guardião da maior floresta tropical do mundo e chamar atenção para os esforços de combate ao desmatamento.

Durante os dois dias da Cúpula de Líderes, os debates se concentraram em temas como financiamento climático, proteção das florestas, energia limpa e inclusão das populações indígenas nas decisões globais. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) abriu o encontro defendendo que “a Amazônia não é um problema do Brasil, mas uma solução para o mundo”.

William reforçou a fala do presidente e destacou o papel de países amazônicos no combate às mudanças climáticas. “O que acontece aqui afeta todos nós. É na Amazônia que o planeta respira, e é aqui que o futuro começa a ser decidido”, declarou.

Compromisso e críticas

O envolvimento do Príncipe de Gales com a pauta ambiental não é recente. Desde 2020, ele lidera o Earthshot Prize, uma premiação internacional criada para incentivar soluções inovadoras contra a degradação ambiental. A iniciativa britânica já financiou projetos de reflorestamento, combate à poluição e desenvolvimento de tecnologias sustentáveis — inclusive na América Latina.

Apesar da recepção calorosa, analistas apontam que a presença de figuras de destaque como William também expõe o desafio da diplomacia climática: converter discursos inspiradores em resultados concretos. “Esses encontros são fundamentais para pressionar governos, mas o sucesso será medido pela implementação de políticas reais”, avalia a pesquisadora Luciana Pinheiro, do Instituto Amazônico de Estudos Ambientais.

Vozes da floresta

Entre os momentos mais marcantes da passagem do príncipe por Belém, esteve o encontro com lideranças indígenas no espaço “Amazônia Viva”, dentro da área da COP. Em diálogo com jovens defensores da floresta, William ouviu relatos sobre o impacto do garimpo ilegal e a necessidade de fortalecer políticas de proteção territorial.

“O que o príncipe demonstrou foi respeito e escuta. É isso que precisamos: aliados que entendam que proteger a floresta é também proteger pessoas”, afirmou Txai Suruí, ativista indígena e representante do movimento da juventude climática brasileira.

O peso simbólico para o Brasil

Para o Brasil, a presença do herdeiro britânico reforça a visibilidade internacional da COP30 e coloca Belém sob os holofotes da imprensa mundial. A expectativa do governo é que o evento impulsione investimentos em bioeconomia e infraestrutura sustentável, além de consolidar a imagem do país como protagonista ambiental.

“O fato de o príncipe William estar aqui mostra que a Amazônia está, de fato, no centro do mundo”, destacou o governador Helder Barbalho. “A floresta é a nossa maior riqueza, e o Pará quer ser referência em sustentabilidade.”

O legado pós-COP

Após o encerramento da Cúpula de Líderes, o desafio será transformar compromissos em ação. O Reino Unido deve anunciar novos aportes no Fundo Amazônia, administrado pelo BNDES, e o Earthshot Prize deve lançar uma categoria especial voltada à conservação das florestas tropicais.

Enquanto isso, Belém segue como símbolo do que está em jogo: o equilíbrio climático global. E, nas palavras de William, “a história nos julgará não pelas promessas que fizermos, mas pelo que deixarmos de fazer”.


Fontes: CNN Brasil, Reuters, People, AP News, The Guardian, BBC, Independent.

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