Belém – A Cúpula de Líderes e a 30ª Conferência das Partes das Nações Unidas (COP30) mal começaram oficialmente, mas um tema já domina as conversas entre participantes, trabalhadores e visitantes do evento em Belém: os preços abusivos cobrados pelos restaurantes instalados no espaço oficial da conferência.
A promessa era de uma área gastronômica diversa, com cardápios regionais e opções para todos os gostos. Na prática, o que se vê é uma vitrine de valores que parecem destinados apenas a um público de elite. Uma coxinha de camarão custa R$ 45,00, uma garrafinha de água de 330 mL sai por R$ 20,00 e o prato do dia chega a R$ 125,00.
O absurdo continua: um cappuccino ou chocolate quente de apenas 100 mL é vendido a R$ 35,00, uma pizza de calabresa custa R$ 95,00, e tortas e bolos variam entre R$ 45,00 e R$ 58,00. Até mesmo doces simples, como trufas de 70% cacau, são vendidas a R$ 20,00, enquanto kibes e esfirras custam R$ 39,00. Os sanduíches artesanais ficam, em média, R$ 60,00.
Além dos valores fora da realidade, o sistema de compra é outro fator de incômodo. Para se alimentar, é preciso adquirir um cartão recarregável exclusivo, vendido por voluntários que circulam com maquininhas. O método, longe de ser prático, tem causado filas e confusão — especialmente entre quem tenta comprar apenas uma água ou um café.
Mas o problema mais revoltante não é apenas o preço. Segundo informações verificadas pelo Portal Pará Cidades, os trabalhadores e prestadores de serviço da COP30 não têm um espaço adequado para guardar suas marmitas, caso optem por levar comida de casa. Em outras palavras, quem não pode pagar pelos valores exorbitantes fica sem alternativa digna de alimentação.
A situação expõe uma contradição gritante: um evento global que prega sustentabilidade, inclusão e justiça social, mas oferece refeições inacessíveis e ignora as necessidades básicas de quem trabalha para fazê-lo acontecer.
Enquanto a COP30 se prepara para discutir o futuro do planeta, a desigualdade se manifesta em pratos de R$ 125 e águas a R$ 20, dentro do próprio espaço que deveria simbolizar compromisso com um mundo mais justo.









