Exclusão e silêncio: Núcleo MDB Diversidade denuncia desrespeito em encontro da FUG

Brasília – Nos dias 21 e 22 de outubro de 2025, o encontro nacional intitulado “O Brasil precisa pensar o Brasil”, promovido pela Fundação Ulysses Guimarães (FUG) em parceria com o MDB, reuniu dirigentes, militantes, executivos e núcleos do partido em Brasília para debater o futuro da legenda e do país. O que prometia ser um momento de mobilização partidária sob a bandeira da pluralidade, no entanto, acabou se transformando em foco de protesto interno. O Núcleo MDB Diversidade denuncia ter sido relegado – ou mesmo excluído – do evento, acusando a FUG e o MDB de agir com desrespeito e silenciamento.

Segundo membros da executiva do núcleo, a exclusão se manifestou de duas formas principais. A primeira teria sido a ausência de convites formais ou o não reconhecimento do núcleo no evento central, apesar de sua atuação histórica dentro do partido. A situação gerou indignação entre integrantes que consideraram a postura incoerente com os princípios democráticos e de inclusão que o MDB costuma defender publicamente.

Outro ponto levantado pelos membros do MDB Diversidade foi a tentativa, segundo eles, de “empurrar goela abaixo” um integrante da executiva como uma espécie de massa de manobra para desviar o foco da controvérsia. A estratégia teria sido usada para dar aparência de representatividade e conter o mal-estar causado pela exclusão. De acordo com fontes internas, a manobra foi vista como um desrespeito e aprofundou o sentimento de invisibilidade entre os integrantes do grupo.

A maioria da executiva do núcleo repudiou publicamente a forma como o grupo foi tratado, sobretudo em um evento organizado por uma fundação vinculada ao próprio partido — instituição que, em sua missão, prega a valorização da diversidade, da formação política e da inclusão de grupos minoritários. A contradição entre o discurso institucional e a prática adotada no evento foi alvo de críticas severas por parte de militantes e aliados, que classificaram o episódio como “uma tentativa de silenciar quem pensa diferente dentro do MDB”.

Até o momento, nem a FUG nem a presidência nacional do MDB se manifestaram sobre o caso. O silêncio das lideranças tem sido interpretado como uma tentativa de “deixar o ruído morrer” sem dar satisfações públicas, o que, para muitos militantes, apenas agrava o desgaste interno e compromete a imagem do partido.

Para o Núcleo MDB Diversidade, o episódio revela uma profunda incoerência entre a retórica de pluralidade e inclusão e a realidade vivida por grupos temáticos dentro da estrutura partidária. Enquanto o MDB defende a representatividade em seus discursos, a prática interna parece seguir um caminho oposto, marcado por invisibilidade e subordinação. A FUG, por sua vez, que se apresenta como um espaço de formação política voltado a jovens, afrodescendentes e pessoas LGBTQIA+, também sai abalada, já que a denúncia de exclusão contradiz diretamente a missão de promover cidadania e respeito às diferenças.

A crise expõe fissuras em um partido que historicamente se apresenta como símbolo do diálogo e da diversidade política. A ausência de uma resposta oficial abre espaço para questionamentos sobre os critérios usados para definir quem participa dos eventos nacionais e quais vozes têm, de fato, espaço para serem ouvidas. Entre os militantes, cresce a percepção de que o episódio evidencia práticas internas autoritárias e de controle sobre núcleos que destoam da linha majoritária.

A exclusão — real ou percebida — do Núcleo MDB Diversidade no encontro da FUG e do MDB em Brasília reforça a imagem de um partido que fala em pluralidade, mas ainda enfrenta dificuldades em aplicar o princípio da inclusão dentro de sua própria estrutura. O silêncio das lideranças nacionais amplia o impacto político da crise, que pode repercutir não apenas entre a militância, mas também junto à opinião pública.

Sem uma manifestação clara, o MDB e a FUG correm o risco de ver seus discursos sobre diversidade se transformarem em meros slogans. O evento “O Brasil precisa pensar o Brasil”, que poderia ter sido um símbolo de recomeço e de abertura ao diálogo, terminou marcado pela exclusão e pela falta de coerência – sintomas de um problema que parece vir de dentro do próprio partido.

Texto: Reinaldo Barros

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