Após cinco dias de intensos protestos e confrontos entre manifestantes e a Polícia Militar, o Governo do Pará anunciou, na noite desta quinta-feira (21), o cancelamento do reajuste na tarifa do transporte hidroviário da empresa Henvil na linha Icoaraci-Camará (Belém-Salvaterra). A decisão foi tomada durante uma reunião virtual com lideranças marajoaras e representantes do governo estadual.
Protestos e repressão antecederam recuo do governo
A mobilização contou com a participação de comunidades quilombolas e ribeirinhas do arquipélago do Marajó, que bloquearam a rodovia de acesso ao Porto da Foz do Rio Camará em resposta ao aumento tarifário. Os manifestantes enfrentaram forte repressão policial, com uso de bombas de efeito moral e confrontos registrados ao longo dos dias de protesto.
Diálogo e criação de comissão permanente
Durante a reunião, ficou definido que na próxima segunda-feira (25) haverá um encontro de conciliação para discutir soluções que minimizem os impactos do transporte hidroviário na população marajoara, considerada a mais pobre do Pará e uma das mais vulneráveis da Amazônia e do Brasil.
Estiveram presentes na discussão representantes da Agência de Regulação e Controle de Serviços Públicos de Transporte (Artran), lideranças quilombolas e ribeirinhas, a coordenação da Malungu, o líder do governo na Assembleia Legislativa do Pará (Alepa), deputado Iran Lima, o secretário de Estado de Segurança Pública e Defesa Social, Ualame Machado, e o secretário de Estado de Igualdade Racial e Direitos Humanos, Jarbas Vasconcelos do Carmo.
Uma das principais medidas definidas no encontro foi a criação de uma comissão permanente formada por representantes das comunidades quilombolas, da Malungu e de outras entidades. O grupo terá a responsabilidade de acompanhar os critérios para futuros reajustes tarifários do transporte na região.
Fim dos bloqueios e retirada da Polícia Militar
Com a abertura do diálogo e a revogação do aumento tarifário, os manifestantes se comprometeram a desocupar a rodovia PA-154. O secretário Ualame Machado assegurou que, assim que as vias forem liberadas, as forças policiais deixarão a região, encerrando a operação de contenção dos protestos.